«No Egipto, as bibliotecas eram chamadas ''Tesouro dos remédios da alma''. De facto é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.»

Jacques Bossuet





quarta-feira, 18 de setembro de 2019

O SEGREDO DE BARCARROTA - Sérgio Luís de Carvalho


O SEGREDO DE BARCARROTA
Sérgio Luís de Carvalho
1ª Edição - Junho de 2011
OFICINA DO LIVRO

Quando, em 1992, um pedreiro descobre um estranho espólio numa casa antiga da vila de Barcarrota, perto da fronteira portuguesa, um obscuro segredo com 500 anos emerge na raia luso-espanhola. Um romance baseado em factos históricos, que nos conduz a intrigas e a segredos ibéricos em pleno século XVI…



Sinopse

Barcarrota, Verão de 1556. Em Barcarrota, o médico cripto-judeu Francisco de Penharanda leva uma vida pacata. Contudo, algumas sombras toldam a sua vida (e a sua fé). Numa época em que as trevas da inquisição se adensam, o médico tem de rezar em clandestinidade, contando com a cumplicidade dos vizinhos e até do pároco local, frei Miguel de Santa Cruz, um bizarro clérigo que garante conversar com o diabo. Mas uma sombra ainda mais espessa o macera. A sua mulher, dona Guiomar, padece de uma doença mental degenerativa que lhe abrevia os momentos de lucidez.
Desenganado já da sua inútil medicina, Francisco de Penharanda volta-se para terapias cada vez mais estranhas e interditas. Para tal conta com o auxílio de um antigo discípulo, o português Fernão Brandão, médico em Olivença. É esta importante personagem quem lhe fornece os livros esotéricos (de quiromancia, de astrologia, de exorcismo) com que o velho médico tenta, em desespero, sarar a mulher.
Porém, de mês para mês, o ambiente na vila piora. Frei Miguel de Santa Cruz é substituído por Frei Ruiz do Monte Sinai, um frade que oscila entre uma indisfarçável simpatia e um atroz calculismo, sempre enquadrados por uma cultura enciclopédica. No Outono de 1556, a vila muda drasticamente.
O cerco aperta-se sobre o médico. Num momento de lucidez, dona Guiomar apercebe-se do risco que o marido corre. A meio da noite abandona a sua casa e suicida-se nas profundezas da ribeira de Alcarrache, perto da vila, onde a família tem um moinho e onde há anos haviam enterrado os objectos rituais da sua fé judaica. A morte de dona Guiomar liberta Francisco de Penharanda.

Comentário.

Um Romance Histórico, para o ser, necessita de ter como base factos históricos que irão ao longo da narrativa ser ficionados com enquadramento histórico, mas mantendo sempre a verdade dos factos. Sérgio Luís de Carvalho, cumpre todos os requisitos deste género literário, mas o que faz desta Obra  um Romance Histórico ( com letra grande ) é o modo magistral como conta e desenvolve  a história, partindo dos factos conhecidos -  « Quando, em 1992, um pedreiro descobre um estranho espólio numa casa antiga da vila de Barcarrota, perto da fronteira portuguesa, um obscuro segredo com 500 anos emerge na raia luso-espanhola. Um romance baseado em factos históricos, que nos conduz a intrigas e a segredos ibéricos em pleno século XVI…» numa escrita leve e cativante, mantendo sempre o interesse e levando o leitor de página em página, até à última para ai chegado ficar  com a sensação de que "soube a pouco" de tão bom que foi.

Classificação: 10/10