«No Egipto, as bibliotecas eram chamadas ''Tesouro dos remédios da alma''. De facto é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.»

Jacques Bossuet





sexta-feira, 30 de abril de 2021

A CASA DOS LÓIOS - Rui Alcântara Carreira












A CASA DOS LÓIOS
Rui Alcântara Carreira
1ª Edição: Novembro 2017
Editorial Novembro

 SINOPSE

Nesta narrativa, de carácter marcadamente histórico, poder-se-ão identificar três elementos fundamentais, intrinsecamente articulados ao longo do respetivo enredo.
Desde logo, ter-se-á que destacar o Porto, porquanto cidade em constante transformação e protagonista de alguns dos episódios mais marcantes da história de Portugal, aqui oportunamente evocados.
Também o atual Largo dos Lóios – antiga Praça de Santo Elói – é merecedor de especial relevância. O mesmo constitui, para muitos, um dos locais mais emblemáticos da cidade invicta, tendo beneficiado, ao longo dos séculos, do facto de se situar numa área privilegiada do tecido urbano, permitindo-lhe testemunhar – e, naturalmente, refletir – as distintas realidades política, social e económica aqui vividas em diferentes épocas.
Uma casa, em particular, bem como aqueles que nela habitam, assumem também, por sua vez, uma importância singular nesta narrativa. Com efeito, no número quinze do Largo dos Lóios, definem-se sucessivas vivências quotidianas, moldadas, sem surpresa, pelos diferentes ritmos e transformações que, gradualmente, são impostos à própria cidade.
Os factos e acontecimentos aqui descritos são, na sua essência, reais. Alguns deles, porventura, poderão ser tão-somente verosímeis.
A Casa dos Lóios existe, verdadeiramente. Tendo sido projetada em 1840, seria edificada pouco tempo depois, expondo-se aos olhos de todos, orgulhosamente, a partir desse momento. Assumiu a condição de verdadeiro lar, tendo acolhido, durante décadas, uma família tradicional burguesa de “portuenses de gema”. Um reduzido número de outros residentes e, sobretudo, um amplo leque de visitas da casa, mais ou menos habituais, tornariam particularmente animadas as rotinas aqui estabelecidas.

Comentário;
A Casa dos Lóis,  a Casa do Largo -"o palco" - da história da família que albergou, entre séc. XIX - XX, situada na baixa da  cidade do Porto. Cenas - da vida dos Sousa Nogueira, retractando como vivia uma família da "classe média"  no decorrer dos séc. XIX - XX, com mais ou menos dificuldades, casamentos, nascimentos, mortes, as alegrias e tristezas, bons e maus momentos, mas sempre ligados pelo amor à família e à Cidade.
A Casa dos Lóis que, da varanda do 4º piso, fronteira ao Largo, viu crescer a cidade e foi testemunha da sua história , conta, como evolui  a sociedade e a cidade durante este período, numa declaração de "amor" à cidade do Porto.

Classificação: 9/10

sábado, 24 de abril de 2021

TEMPO DE FUGA - Amadeu Lopes Sabino












TEMPO DE FUGA
Amadeu Lopes Sabino 
1ª edição/ Janeiro de 2021
Porto Editora

Tempo de Fuga, romance de Amadeu Lopes Sabino, que retrata as peripécias de um alto funcionário do Ministério da Economia do salazarismo que vende aos serviços secretos espanhóis pequenos segredos que faz passar por grandes. Mas porque, para Jorge Mathias, a espionagem é um jogo, conspira também com o Partido Comunista e parte para a República Democrática Alemã, onde a sua vida irá mudar irreversivelmente.

Comentário:

        Sabino, criou um "novo género literário" - Biografia de Ficção - em que personagens caricaturais e reais, convivem   num cenário de uma realidade ficcionada de uma simbiose perfeita em que todo o real é irreal e todo o irreal é real.  

Classificação: 10/10

domingo, 18 de abril de 2021

O Julgamento de Hipócrates - José Eduardo Carvalho

 








O Julgamento de Hipócrates
José Eduardo Carvalho
Letras Lavadas Edições
SINOPSE

Acontecimentos bizarros ocorrem no Hospital-Prisão de Água d’Alto, situado na vertente sul-leste da ilha de São Miguel, nos Açores. O complexo prisional integra o Centro Hipócrates de Estudos Biomédicos, criado e dirigido por Ramon Árias, médico-cirurgião, de origem peruana, que se proclama descendente do povo Atlante, que governou o continente da Atlântida, antes de submergir tragado pelas águas do oceano.
A fuga de um recluso, repatriado dos EUA, leva à denúncia dos estranhos casos clínicos e, num ápice, chegam ao conhecimento de uma jornalista do “Notícias dos Açores”.
Com o processo-crime “Operação Hipócrates” instaurado pelo Ministério Público, Árias é constituído arguido e levado a julgamento.
Paralelamente, Bárbara do Canto, diretora do Instituto de Geofísica e Vulcanologia está preocupada com o recrudescer da atividade sísmica do maciço vulcânico da Lagoa do Fogo que ameaça a sobrevivência do complexo prisional de Ramon Árias. Além do vulcanismo, há outra turbulência na vida de Bárbara: Gustavo Daguerre, fotógrafo freelancer da Geographic Magazine, interessado em fotografar a paisagem vulcânica. Entre eles nasce uma atração tão fulminante que supera a diferença de idades que os separa.
Ao longo dos dezasseis capítulos, a narrativa vai alternando a loucura de Ramon Árias com a paixão de Bárbara do Canto. De uma e de outra pode brotar a tragédia.

Comentário:
Um Romance de ficção - que é mais que um romance de ficção -  duas estórias distintas, a de Ramon Árias, médico-cirurgião, de origem peruana, Director do Hospital-Prisão de Água d’Alto  situado na vertente sul-leste da ilha de São Miguel, nos Açores. O complexo prisional integra o Centro Hipócrates de Estudos Biomédicos, criado e dirigido pelo próprio  Ramon Árias. Narrada em paralelo com a de  Bárbara do Canto e Gustavo Daguerre. Se esta é uma vulgar estória de amor, com as dúvidas e incertezas "normais" de uma estória do amor, onde também não falta, em vez de um final feliz, um final trágico para por fim aquele amor que para Bárbara do Canto e Gustavo Daguerre. era improvável. ´Na outra estória, - também de ficção -, conta os acontecimentos bizarros que ocorrem  no Centro Hipócrates de Estudos Biomédicos, criado e dirigido por Ramon Árias, um louco (?), ou um homem sem escrúpulos nem princípios, que ultrapassa os limites da ética na investigação médica e não respeita os direitos humanos dos presos do Hospital-Prisão de Água d’Alto,  Esta narrativa leva o leitor a questionar quais os limites éticos da ciência, versos, os direitos humanos. É por isto  que é mais que um romance de ficção.

Classificação 8/10

sábado, 10 de abril de 2021

Os Canibais e Outros Contos - Álvaro Carvalhal

Nova entrada na Biblioteca JMO

Os Canibais e Outros Contos

Álvaro Carvalhal

Editor: Livros do Brasil

Colecção: Clássicos Portugueses

Edição/reimpressão: 04-2021

ÁLVARO DO CARVALHAL Nasceu em Padrela, no concelho de Valpaços, a 3 de fevereiro de 1844. Iniciou a sua atividade literária com 17 anos, quando, ainda aluno do liceu, publica a peça O Castigo da Vingança. A escolha de temas profundamente inquietantes, onde se cruzam o fantástico, o exótico, a ironia e o medo, fazem dele um caso singular na literatura oitocentista portuguesa. Longo seria o caminho até que as letras portuguesas lhe abrissem o seu corredor, reconhecendo o valor inestimável das narrativas recolhidas em Contos, que tentou ao máximo preparar antes de ser vitimado por um aneurisma. Morreu a 14 de março de 1868, com apenas 24 anos, enquanto frequentava o quarto ano de Direito na Universidade de Coimbra.

SINOPSE

Acometido por um aneurisma, Álvaro do Carvalhal esforçou-se até ao fim para terminar os seus Contos, seis histórias de humor negro onde o sobrenatural invade, sem concessões, o consciente do leitor. Nesta viagem, será impossível desviar o olhar dos fantasmas que se abeiram para dominar a noite, esquecer as trágicas vidas dos casais interrompidas pela vingança e pelo ciúme, ou o delírio de um jogador viciado. Em «Os Canibais», o conto de culto do género fantástico português que empresta o título a este livro, adaptado habilmente ao cinema por Manoel de Oliveira, seguimos o desespero de Margarida e do visconde de Aveleda, separados por um corpo monstruosamente mutilado… Embora excluído do cânone literário oitocentista por ser tido como escritor maldito, Álvaro do Carvalhal ensaia aqui uma das experiências mais notáveis do romantismo português, dada à estampa pela primeira vez em 1868