«No Egipto, as bibliotecas eram chamadas ''Tesouro dos remédios da alma''. De facto é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.»

Jacques Bossuet





terça-feira, 24 de janeiro de 2023

O Jardim da Celeste - Waldir Araújo

 


O Jardim da Celeste

Waldir Araújo

Editorial Novembro,

Edição: janeiro de 2023

 


SINOPSE

«(...) Lido o conto, compreendo, passados estes anos de desencontros, a reiterada insistência do Waldir, no nosso último encontro em Lisboa, em regressar à sua Guiné Bissau. O Jardim da Celeste é, provavelmente, o seu grande can¬to de amor à Guiné Bissau.

Um começo soberbo, portentoso, sublime (...): ‘’O céu revolvia-se numa fúria estrondosa. O som dilacerante dos relâmpagos engoliu todos os ruídos comuns. De repente, a penumbra ensombrou a tarde que despertava solarenga. Uma enxurrada de flores de cores diversas desaguava in¬trepidamente pela avenida Amílcar Cabral, uma das princi¬pais artérias da capital, inundando a cidade.’’

Imagino uma capital africana com os seus endémicos pro¬blemas de saneamento urbano, infraestruturas degradadas, rede elétrica deficitária, trânsito caótico, pobreza exposta em centenas de vendedores ambulantes fintando a fome ao preço de quinhentas ganhas sob um inclemente sol tropical, o trágico destino de jovens sem emprego e futuro, perambu¬lando pelas ruas, a desfaçatez dos sátrapas ostentando luxo na miséria, os políticos com discursos desconexos, as igre¬jas e seitas nascendo como cogumelos, assistir, incrédula, a uma interminável torrente de flores inundando a cidade. Uma chuva de flores, um dilúvio de matizes, pétalas de co¬res inimagináveis cobrindo casas de todos os tipos, bairros, ruas, mercados, águas estagnadas, lixeiras e os modorren¬tos edifícios do poder. (...) Por isso, arrisco-me a adiantar que o regresso do Waldir Araújo à terra natal, ao seu chão, à ancestralidade que o sustem, foi fundamental no desen¬redar das lianas obturadoras do seu impulso criativo. Comeste conto, Waldir Araújo reencaminha o seu talento para aquilo que ele sabe fazer como ninguém: contar histórias.»