«No Egipto, as bibliotecas eram chamadas ''Tesouro dos remédios da alma''. De facto é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.»

Jacques Bossuet





domingo, 30 de julho de 2023

Memórias de Madre Aliviada da Cruz - Henrique Levy





Memórias de Madre Aliviada da Cruz
Autor: Henrique Levy

EDIÇÃO : 2021
EDITORA: Letras Lavadas
ACONSELHÁVEL: +18



SINOPSE

Este livro, para maiores de 18 anos, conta-nos a história de Benedita Portugal de Castro, que desembarcou em 1846 em Ponta Delgada, na companhia de cinco marujos, rumo a Vila Franca do Campo, para servir a Cristo. Contrariando as suas expectativas iniciais, esta acabou fazendo história como poetisa, compositora e maestrina na orquestra do Convento de Santo André.

«Uma coisa poderia sempre adivinhar: que se alguma revolta tivesse lugar, eu estaria ao lado do povo desta ilha, digo, o que se levanta manhã após manhã, e carrega a riqueza nos ombros, para a descarregar sobre a opulência de poucos. Poderia antever essa realidade, porque nasci com um selo indelével, onde se inscrevem a liberdade e a igualdade.Se os dias ainda me devolvem as manhãs na ilha, cabe ao leitor descobrir nestas memórias.Cumpri a minha parte, não sem antes registá-las na Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada.
Enquanto me lerem, sinto-me memória viva de mim!».

Benedita Portugal de Castro


Em que parte da vida deste convento entra a música? A leitura? O cultivo das artes? A contemplação das árvores? O encontro com o mar? Em que parede desta casa está inscrito o infinito? Estamos obrigadas à bondade? Que devemos fazer aos pensamentos lascivos? Em que lugar desta casa devemos abandonar a vontade de homem? Quem esventra porcos, cabritos e vitelos? É permitido manter o coração no peito, ou temos de o deixar lá fora? Quem veste as irmãs defuntas de uma casa onde a Fé se apalpa, se excita, aviva, adormece e morre? Porque razão têm as gavetas um só puxador? O padre, que rezou a missa há pouco, visita na intimidade as irmãs? Com que frequência as luas nos pintam de sangue as pernas? Em que lugar deste convento sacrificam as crianças nele nascidas? O que fazer às penas das asas dos pássaros caídos no jardim? Quem cava o quintal? Que castigo reservam às irmãs que violam noviças? O pecado da masturbação é igualmente punido, se o coadjuvante tiver sido colhido na horta? A quem cabe enfeitar de flores a capela? As irmãs mortas por solidão são enterradas no mesmo cemitério que recebe o corpo das que morrem sifilíticas? Concluindo. Deus chamou me a esta casa para nela me santificar! Para que se cumpra a vontade de Deus, preciso que a irmã me responda a todas as dúvidas colocadas.

Comentário:

"Quem está no convento é que sabe o que vai lá dentro" Este dito popular sempre me despertou a curiosidade, por isso e, levado pelo título deste livro - "Memórias de Madre Aliviada da Cruz" -  prometia ser desta, os meus sentidos correram, pelas páginas do livro, com um desejo ardente e insaciável de coscuvilhar, "o que vai dentro do convento" e, pela voz de " quem está lá dentro" saciar a curiosidade. Não sei se fiquei saciado, mas foi uma leitura agradável, com algum humor por vezes sarcástico e com um forte tom de crítica social.

Classificação: 9/10



domingo, 23 de julho de 2023

Bento de Goes - Uma longa caminhada na Ásia Central - Henrique Levy



Bento de Goes
Uma longa caminhada na Ásia Central
Autor: Henrique Levy
EDIÇÃO  : 2023 – janeiro
EDITORA: Letras Lavadas




SNIPOSE

Em 1562, em Vila Franca do Campo, nos Açores, nasce Luís Gonçalves. Cerca de 20 anos mais tarde, após ter sido destacado para a Índia como soldado, abandonando uma vida boémia e licenciosa, Luís Gonçalves ingressa na Companhia de Jesus, em Goa. Em 1588, toma o nome de Bento de Góis e opta pela vida missionária em vez da ordem sacerdotal. Vestindo-se com trajes de mercador, parte, em 1602, em busca do Cataio e de comunidades cristãs perdidas na Ásia. Ingressa, primeiramente, numa caravana que o levará até Cabul e daí parte em nova caravana, chegando a Sucheu, na China, em 1605. Torna-se no primeiro europeu, em muitos séculos, a atravessar a Ásia Central e a chegar à China pelo ocidente.

Embora a viagem de Bento de Góis seja uma das maiores explorações da história da humanidade, são poucos os que, atualmente, sabem quem foi este jesuíta.

Com Bento de Goes, uma longa caminhada na Ásia Central, Henrique Levy presta uma justa homenagem ao enorme explorador, mas faz mais do que isso: com recurso a uma arquitetura narrativa magistral e entretecendo habilmente os fios da história com os fios da ficção, faz renascer, através da voz múltipla de quatro narradoras, o quotidiano de Vila de Franca do Campo de há 500 anos e enlaça, de forma sublime, pela voz de Luís Gonçalves, a narrativa dos acontecimentos futuros, acrescentando, ao mosaico de personagens e episódios de uma narrativa, o relato da odisseia de Bento de Góis.

 Teresa Brandão Oliveira

Comentário:

A pena que conta a estória, de um desconhecido a que deram o nome "Luís Gonçalves", criando a ficção de uma vida cheia de miséria, aventuras e desventuras, amores proibidos.e "sonhos". " Sonhos Premonitórios" em que a mesma pena revela, a futura vida, deste, que a história registou como "Bento de Goes" grande explorador que, ao serviço do Rei de  Portugal, deu a conhecer as terras do Oriente - da Índia ao Reino do Meio. 
Mas o  "Luís Gonçalves" desta estória a história não conheceu. O mesmo que a história  registou como "Bento de Goes", mas depois esqueceu.

Classificação 10/10

terça-feira, 18 de julho de 2023

A NORA E OS ALCATRUZES - JOÃO CORRÊA NUNES



A NORA E OS ALCATRUZES
JOÃO CORRÊA NUNES
Edição ou reimpressão: 07/06/2023
Chancela: Clube do Autor
Temática: Romance Histórico





O mistério do desaparecimento dos Painéis de São Vicente
Em Lisboa de 1483, no reinado de D. João II, um crime envolve os painéis de São Vicente.
Quem terá roubado a obra simbólica da nossa cultura?
Que mistérios ainda encerra?

 SINOPSE

Numa época conturbada, tem lugar um enredo que envolve os chamados Painéis de Nuno Gonçalves, a mais importante peça da história da pintura portuguesa.
Desde a sua redescoberta, no fim do século XIX, que se tem discutido o que significam, quem retratam, porque desapareceram durante 400 anos e mesmo quem os pintou. Muito pouco se sabe ao certo.
O deslindar do que se passou então na Sé de Lisboa vai, ao mesmo tempo, encontrar o culpado do crime aqui apresentado e a explicação para o mistério desta obra de arte.
As coisas podiam-se ter passado assim e, como disse Alexandre Herculano, «o verosímil é o que importa ao que busca as lendas da pátria.»

Comentário:
João Corrêa Nunes, leva o leitor às ruas e ruelas da cidade de Lisboa, em pleno reinado de D. João II, para investigar um crime relacionado com os enigmáticos Painéis de São Vicente obra de Nuno Gonçalves, através  de uma narrativa recheada de acção e aventura, em que não falta traição, amores e morte e, pelo meio "levanta o véu" sobre o mistério que envolve os Painéis de São Vicente. 
O grande realismo da narrativa, pelo enquadramento prefeito nos factos históricos e na conjuntura sócio-politica do reinado de D. João II, interligando-os  com a regência de D. Pedro - durante a menor idade de D. Afonso V - e as consequências da Batalha de Alfarrobeira, torna a "estória" verosimilhante.
Peca pala estrutura da narrativa - em capítulos pequenos (de uma página ) o que, em minha opinião, lhe quebra o ritmo, não fora este senão, seria um optimo  romance histórico.
.
Classificação: 8/10

domingo, 9 de julho de 2023

D. JOÃO IV - Mário Domingues



D. JOÃO IV 
E A CAMPANHA DA RESTAURAÇÃO 
Mário Domingues
EVOCAÇÃO HISTÓRICA
SÉRIE "LUSÍADA"
1ª Edição/1970
Edição da Livraria Romano Torres




D. JOÃO IV E A CAMPANHA DA RESTAURAÇÃO 

Abrangendo o largo período que vai desde o 1º de Dezembro de 1640 até ao final do reinado de D. João IV, Mário Domingues oferece ao leitor toda uma fiada de acontecimentos, alguns deles impressionantes, relacionados com a luta esforçada e heróica dos Portugueses por consolidarem a sua independência conquistada após sessenta anos de opressão estrangeira.   Foi uma época extraordinária em que a nação teve de combater não apenas o seu inimigo tradicional nas fronteiras, mas também os seus "amigos aliados" que aproveitando a sua debilidade resultante da anterior servidão, se empenharam em despoja-la das suas possessões no Oriente e no Brasil. (...)

Comentário:

Mário Domingues pela sua pena de Jornalista, apresenta sempre um perspectiva diferente da História Pátria. Apresenta os factos e interpreta-os pelo seu olhar sagaz, conta como -a história - aconteceu, sempre sem faltar à verdade. Foi - nas décadas de 50,60 e 70 do séc XX - um dos maiores divulgadores  ( não sendo  historiador) de História de Portugal. 
D. JOÃO IV E A CAMPANHA DA RESTAURAÇÃO, foi uma agradável leitura e uma "viagem" interessante pelos acontecimentos do reinado de D. João IV

Classificação:
9/10