O Jardim da Celeste
Waldir Araújo
Editorial Novembro,
Edição: janeiro de 2023
SINOPSE
«(...) Lido o conto, compreendo,
passados estes anos de desencontros, a reiterada insistência do Waldir, no
nosso último encontro em Lisboa, em regressar à sua Guiné Bissau. O Jardim da
Celeste é, provavelmente, o seu grande can¬to de amor à Guiné Bissau.
Um começo soberbo, portentoso,
sublime (...): ‘’O céu revolvia-se numa fúria estrondosa. O som dilacerante dos
relâmpagos engoliu todos os ruídos comuns. De repente, a penumbra ensombrou a
tarde que despertava solarenga. Uma enxurrada de flores de cores diversas
desaguava in¬trepidamente pela avenida Amílcar Cabral, uma das princi¬pais
artérias da capital, inundando a cidade.’’
Imagino uma capital africana com
os seus endémicos pro¬blemas de saneamento urbano, infraestruturas degradadas,
rede elétrica deficitária, trânsito caótico, pobreza exposta em centenas de
vendedores ambulantes fintando a fome ao preço de quinhentas ganhas sob um
inclemente sol tropical, o trágico destino de jovens sem emprego e futuro,
perambu¬lando pelas ruas, a desfaçatez dos sátrapas ostentando luxo na miséria,
os políticos com discursos desconexos, as igre¬jas e seitas nascendo como
cogumelos, assistir, incrédula, a uma interminável torrente de flores inundando
a cidade. Uma chuva de flores, um dilúvio de matizes, pétalas de co¬res
inimagináveis cobrindo casas de todos os tipos, bairros, ruas, mercados, águas
estagnadas, lixeiras e os modorren¬tos edifícios do poder. (...) Por isso,
arrisco-me a adiantar que o regresso do Waldir Araújo à terra natal, ao seu
chão, à ancestralidade que o sustem, foi fundamental no desen¬redar das lianas
obturadoras do seu impulso criativo. Comeste conto, Waldir Araújo reencaminha o
seu talento para aquilo que ele sabe fazer como ninguém: contar histórias.»
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