«No Egipto, as bibliotecas eram chamadas ''Tesouro dos remédios da alma''. De facto é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.»

Jacques Bossuet





terça-feira, 23 de dezembro de 2014

História Trágico Marítima - Bernardo Gomes de Brito



História Trágico Marítima
Bernardo Gomes de Brito
Circulo de Leitores

Sobre a obra
História Trágico-Marítima é uma "colecção de relações e notícias de naufragios, e successos infelizes, acontecidos aos navegadores portuguezes", reunidos por Bernardo Gomes de Brito, e publicados em dois tomos em 1735 e 1736, durante o reinado de D. João V, vigésimo-quarto rei de Portugal, a quem o autor oferece a obra no frontispício.
O título completo da obra é:
História trágico-marítima, em que se escrevem chronologicamente os naufragios que tiveram as naus de Portugal, depois que se poz em exercício a Navegação da Índia.
A obra foi impressa em Lisboa, na Officina da Congregação do Oratório. Os dois tomos abrem com uma dedicatória ao rei D. João V, impressa em grandes caracteres itálicos, adornada com o escudo de armas reais portuguesas. Ao longo da obra podemos também ver elementos decorativos típicos ao estilo da época ― capitais, cabeções e vinhetas ornamentais.
A glória dos Descobrimentos teve o seu preço, a sua desgraça. Camões, n'Os Lusíadas, pôs as mães e as esposas a chorar a perda dos filhos e dos maridos (IV, 90-91), o Velho do Restelo a avisar os navegadores das nefastas consequências da viagem (IV, 95-97), o Adamastor a profetizar naufrágios, narrando o mais famoso de todos: o naufrágio de Manuel de Sousa Sepúlveda.
Fernando Pessoa imortalizou a grandeza e a desgraça no poema "Mar Português" de Mensagem: «Ó mar salgado, quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal. / Por te cruzarmos, quantas mães choraram, / Quantos filhos em vão rezaram! / Quantas noivas ficaram por casar / Para que fosses nosso, ó mar!»
Não faltaram, pois, narrativas das desventuras e dores que sempre acompanharam os que quiseram "passar além do Bojador", a principal das quais tem mesmo o título de História Trágico-Marítima, compilada por Bernardo Gomes de Brito (1688-?) e publicada em dois volumes, datando o primeiro de 1735 e o outro de 1736. Trata-se de um conjunto de doze relatos de naufrágios, baseados em episódios verídicos da gesta dos Descobrimentos.
São, de uma maneira geral, relatos apreciados pela qualidade da prosa e pelo seu extremo realismo. Um dos mais conhecidos fica a dever-se a Jerónimo Corte-Real (1530?-1590?), que narrou o Naufrágio e Lastimoso Sucesso da Perdição de Manuel de Sousa Sepúlveda (1594).

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